Conheça o Sketchpad, o pai do CAD!
- Clei de Jesus Santos
- 12 de nov. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 14 de nov. de 2022
Quem trabalha nas áreas de Arquitetura, Engenharia e Construção convive naturalmente com as ferramentas para desenvolvimento de projetos. Se não sabem operar para produzir os desenhos, visualizações ou representações, mas pelo menos já tiveram contato. O fato é que são já conhecidas do cotidiano do arquiteto ou do engenheiro. Vivemos em tempos que a todo momento surgem novas tecnologias nessas áreas que vêm para melhorar a produtividade e a performance do nosso trabalho gerando benefícios e vantagens para os clientes.
Depois do último post sobre como era a vida dos projetistas antes do CAD, pensei em escrever sobre como a tecnologia veio dar uma resposta para facilitar a vida dos pobres desenhistas técnicos. Eu lembrei que abordei em minha monografia um pouco sobre a história do CAD e acabei me tornando fã do Dr. Ivan Sutherland, um visionário que nos poupou muitas horas sobre a prancheta com o seu CAD, o Sketchpad.
Foi na década dos anos 1960 que Ivan Edward Sutherland, engenheiro elétrico e cientista da computação americano, tornou-se pioneiro da Computação Gráfica com a propostas contida em sua tese de doutorado: “Sketchpad: A Man-Machine Graphical Communication System” (“Sketchpad: Um Sistema de Comunicação Gráfica Homem-Máquina”, em tradução livre). A tese apresentava uma forma diferente da existente de interagir com o computador.
Os computadores até 1950 não tinham uma interface gráfica, porém nesse mesmo ano Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveu um equipamento em que era possível a visualização de dados numéricos. A máquina chamava-se "Whirlwind I”. Ela utilizava-se de um tubo de raios catódicos como nas TVs e Monitores antigos, no qual o usuário podia interagir, apontando na tela com uma caneta ótica. Apesar da interface, ainda não era usado para computação gráfica.
A tese do Dr. Sutherland apresentava o aplicativo Sketchpad Computer, criado por ele mesmo em 1961 e que rodava em um dos primeiros computadores programáveis que fora desenvolvido no laboratório Lincoln do MIT, o TX-2, semelhante ao "Whirlwind I”, porém um pouco mais avançado. Esta máquina possuía 320 KB de memória (320 kilobytes! Parece ridículo para nós, mas para a época isso era muito, muito mesmo) e alimentava uma tela de tubo de raios catódicos (CRT) de 23 cm (9 polegadas). Com o Sketchpad, o usuário transferia informações ao computador por meio de desenhos. O aplicativo e a tese do Dr. Sutherland influenciaram a informática de tal forma que culminou com o que hoje chamamos de computação gráfica. Dada a grande importância da tese do Dr. Sutherland, ela foi republicada após 40 anos pela universidade de Cambridge, como você pode ver aqui.
O Sketchpad é considerado o precursor do atual CAD.
Para desenhar, O usuário tinha à mão uma caneta de luz, que funcionava como o nosso mouse atual, e podia desenhar diretamente no monitor do computador, à medida que manipulava os botões de uma espécie de teclado que eram os comandos de mover, fixar, copiar etc.
Isso para nós é muito trivial hoje em dia, mas imaginem há 60 anos! Nem existiam computadores pessoais ainda. O sistema era muito primitivo, claro, mas foi o ponto de partida para o que temos na atualidade.
Veja a explicação do próprio Dr. Ivan Sutherland descrita em sua tese (tradução livre):
“Um usuário do Sketchpad desenha diretamente em uma tela de computador com uma ‘caneta de luz’. A caneta de luz é usada tanto para posicionar partes do desenho na tela quanto para apontá-las e alterá-las. Um conjunto de botões de pressão controla o as alterações a serem feitas, como "apagar" ou "mover". Exceto pelas legendas, nenhuma linguagem escrita é usada. As informações esboçadas podem incluir segmentos de linha reta e arcos de círculo. Símbolos arbitrários podem ser definidos a partir de qualquer coleção de segmentos de linha, círculos, arcos e símbolos previamente definidos. Um usuário pode definir e usar quantas símbolos como ele deseja. Qualquer mudança na definição de um símbolo é vista imediatamente onde quer que esse símbolo apareça.
O Sketchpad armazena informações explícitas sobre a topologia de um desenho. Se o usuário move um vértice de um polígono, ambos os lados adjacentes serão movidos. Se o usuário move um símbolo, todas as linhas anexadas a esse símbolo serão automaticamente mover para ficar ligado a ele. As conexões topológicas do desenho são automaticamente indicadas pelo usuário enquanto ele desenha. Como o Sketchpad é capaz aceitar informações topológicas de um ser humano em uma linguagem de imagem perfeitamente natural para o ser humano, pode ser usado como programa de entrada para programas de computação que requerem dados topológicos, por exemplo, simuladores de circuitos.
O próprio Sketchpad é capaz de mover partes do desenho para encontrar novas condições que o usuário pode aplicar a eles. O usuário indica condições com a caneta de luz e os botões. Por exemplo, para fazer duas linhas paralelas, ele aponta sucessivamente para as linhas com a caneta de luz e pressiona um botão. As próprias condições são exibidas no desenho para que possam ser apagados ou alterados com o auxílio da ‘caneta de luz’.”
Ele está descrevendo, praticamente a forma como desenhamos num programa de CAD, como o AutoCad, por exemplo!
Nós vimos neste artigo como a tecnologia CAD deu seus primeiros passos, devendo muito ao Dr. Ivan Sutherland pela criação do seu aplicativo primitivo, o Sketchpad e sua tese em que descreve a experiência como o aplicativo e assim lançou as bases para a computação gráfica como a conhecemos hoje e contribuindo muito com nossas atividades de produção na área de Arquitetura, Engenharia e Construção.
Caso queira aprofundar mais no assunto acesse os seguintes endereços:
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